Nascido em Curitiba, estudou até os 13 anos em
escola particular, onde descobriu o vôlei e a música. Apaixonado mesmo, não
fazia outra coisa fora da sala de aula, se não tocar na banda e jogar na
seleção da escola.
Com 13 foi morar em São José dos Pinhais. A
escola pública pra ele foi um desastre, tanto na música como no vôlei. Foi
trabalhar pra ter dinheiro.
Tinha trabalhado ajudando o pai a vender
produtos de cozinha. Um péssimo vendedor de porta em porta. Trabalhou em uma loja de materiais de construção
e 4 meses depois lendo um anúncio de jornal, foi atrás de uma vaga de
office-boy.
Era uma rádio e a vaga de boy já tinha sido preenchida e ofereceram a
ele de operador de áudio.
Tinha 14 anos e em fevereiro de 1983 começou sua
história no radio na Rádio Nova AM de São José.
Depois Clube FM, Capital FM como operador e com
16 anos os primeiros passos como locutor, na Paraná AM. Locutor profissional, com horário e programação
mesmo foi em 1986 na Ilha do Mel FM de Paranaguá. Voltou para Curitiba, como locutor da Inter 99
FM, 94 FM, e em 1989 a Transamérica, onde levou o rádio como profissão.
Em 91 veio a televisão, apresentando programa de
clipes, o Som Iguaçu no canal 4, nesse momento era vocalista de uma banda de rock
chamada Anestesia, com música gravada em estúdio, fazendo shows no circuito de
Curitiba e no estado.
Ficou um ano no Ídolos de Matinée, depois montou
várias bandas para tocar suas próprias músicas, levando sempre em “terceiro”
plano com o rádio e a TV. Em 92 foi pra São Paulo trabalhar na
Transamérica, depois Cidade FM, voltou para Curitiba, Alternativa FM,
implantação da Jovem Pan em julho de 94, depois Cidade FM e a volta pra
Transamérica em 98. Tornou-se um coordenador artístico.
Foi vocalista da Banda Djoa por um ano. Em 2001
veio a crônica esportiva, encarregado de montar o Transamérica Esportes. Também em 2001 teve uma passagem pela TV Exclusiva, por 1 ano
e meio fazendo matérias de esportes radicais e as bandas que iam tocar ao vivo
no estúdio.Foram dois programas SUPER MIX como Exclusiva e TV Transamérica o
programa NO GÁS e também o CLIPE DA HORA.
Em 2006 começou a fazer teatro e a música foi
ficando na base do Hobby, mas sempre compondo, sempre em contato, mas um pouco
mais leve. Saiu da Mix em 2007 e fui para a 91Rock. Montou o projeto do Torcida
91 com uma equipe de esportes.
Em 2010, formou-se ator e logo em seguida, começou a
apresentar o Show de Bola, onde está até hoje. Montou de novo a Mix em Curitiba
em 2011, mas em 2014 ela se transformou em rádio evangélica e fechou. Nesse
meio tempo fez parte de 3 companhias de teatro, fez mais de 40 espetáculos, 1
grupo de humor stand up comedy e agora está na Navegantes Cia de Teatro. Já
trabalhou como ator em 4 curtas, um premiado (Burnout – de Lincoln Barela).
Hoje é vocalista da banda Mauro Mueller e a Incrível Fundação Elétrika.
Glauco Silveira: Praticamente um Highlander (risos)
Mauro Muller: 47 aninhos agora e bem agitados (risos)
Glauco: E nessa longa jornada nunca surgiu a ideia de sem envolver com política?
Mauro: Já me sugeriram, já me convidaram, mas eu não pensei em entrar nessa,
sou artista e gosto da arte, se eu me meter na política ia me dedicar demais e
acabar saindo do meu rumo se eu me candidatar ou coisa assim, vou entrar
de cabeça, mas não estou interessado.
Glauco: Mesmo sabendo a sua resposta, pois já falamos informalmente sobre isso
(risos). Qual seu clube de coração?
Mauro: Eu torço pelo Alexandre Nero, torço
pela Banda mais Bonita da Cidade, Coritiba, Paraná e Atlético, torço pela
cidade e tudo o que sai ou fica aqui, sinceramente mesmo de verdade.
Glauco: Não seria pelo fato de um jornalista esportivo não dizer para que time que
torce realmente para não haver "perseguições", existe isso entre os
jornalistas ou é lenda?
Mauro: Sim, um pouco, mas sinceramente desde 2001 eu adotei a postura de não
contar e hoje acabei me envolvendo. E como já fiz muitos projetos de apoio ao
artista local, tenho isso de querer ver os curitbanos bem na fita. Assim
se o Paraná subir será legal, se uns dos três forem campeões será legal para
todos, vejo o Nero na novela e comemoro como se fosse um gol da seleção de Curitiba.
Glauco: Ele está ótimo como José Alfredo na novela Império.
Mauro: Cara eu dei espaço pro Nero tocar na rádio, na TV e agora vejo na TV ele
arrebentando como ator e fico feliz. Nem pareço um curitibano né? (risos). Isso é legal, divulgar os “irmãos” que fazem qualquer coisa legal e
dizer de boca cheia "esse cara eu conheço".
Glauco: A Guta Stresser por todos esses anos na Grande Família, lembro-me
dela ainda fazendo o "Vampiro e a Polaquinha".
Mauro: Ela é ótima também, sou fã do trabalho dela, eu fiz matérias pra TV das
peças dela, ela merece mais, o Luis Melo, Adriana Biroli, Marjorie Estiano.
Glauco: Temos o Pedro Inoue, filho da Nena Inoue e do Hélio Barbosa, dando
seus primeiros passos na Globo.
Mauro: Sim, eu acho que temos que valorizar os caras daqui mesmo que eles
estejam aqui também, mas quando eles saem parece que levam o nosso jeitinho pra
lá é legal.
Glauco: E você que fez teatro e cinema, não pensa em fazer televisão também?
Mauro: Eu faço de tudo o quanto for possível para não parar no tempo e evoluir
como pessoa e como profissional, claro que penso em evoluir e se evoluir for
fazer rede vou fazer, penso nisso sim. Hoje estou muito bem na TV na Rede
Massa, o trabalho que fazemos lá é nível de rede, vejo muita coisa do SBT e
tenho a opinião que aqui não devemos nada pra Rede SBT, o Ratinho estruturou a
TV de uma forma que hoje fazemos trabalho de “gente grande”, brigamos com a
Globo todos os dias e às vezes a ganhamos deles, muitas vezes.
Glauco: Como é essa loucura de apresentar um programa de esportes? Muita gente
pensa que você está lá 15 minutos do programa ir ao ar, conte um pouco de como
é fazer o programa.
Mauro: Chego lá às 7h da manhã e o programa entra no ar 11:30, temos uma equipe
de 5 pessoas diretamente ligadas ao programa, sem contar as pessoas que
trabalham para a TV e tbm para o Show de Bola. Edito, escrevo textos e faço
matérias e os que são diretamente do SBT são editor chefe, produtor, operador
editor e a Kelly, que tbm ajuda no dia a dia além de apresentar, a gente
trabalha a tarde às vezes também, é trampo bom e correria, saio de lá às 12:30h
normalmente e
tem que acompanhar os movimentos da bola e do esporte, ficar ligado nos jogos,
nos bastidores.
Glauco: E na sua opinião os nossos times como irão terminar este campeonato da
forma que estão?
Mauro: Cara, estão feios, foi um ano ruim
pros 3, a única coisa boa foi para a torcida do Atlético que tem que se
contentar com o novo estádio, mas é só. Eu espero que o Coritiba não caia pra
segundona e o PR fique pelo menos na segundona.
Glauco: Mas estádio não ganha jogo, eu sendo atleticano preferiria o antigo
Joaquim Américo e muitos títulos do que jogar serie b ou a com um time medíocre
em um estádio de primeiro mundo.
Mauro: E se você ler minha coluna no Bem Paraná eu escrevi semana passada que o
Atlético teve um problema muito sério, se desfez de nomes como Paulo Baier,
Ederson, Manoel, Everton e não contratou à altura, está com um time ruim e um
técnico que pegou o problema no meio do campeonato. Está perigoso para o
Atlético, pois times que se ajeitaram estão subindo, tipo Bahia, Palmeiras que
se arrumaram para não cair.
Glauco: Oremos então.
Mauro: É reta final a e a linha do Atlético está descendente, verdade, oremos.
E essa linha é bem fácil de ver na tabela. O Coritiba, por mais que tenha os
problemas está numa linha de subida, o Bahia subiu, Palmeiras, Figueirense,
Vitória, times que resolveram seus problemas e o Atlético parece não ter
resolvido ainda é muito perigoso.
Glauco: E terá tempo nesta reta final de resolver problemas extra campo que
influenciam o campo?
Mauro: Não. Tem que dar uma remendada e seguir, tipo o quer o Antônio Lopes fez
quando livrou o Atlético, esse é o perigo. Eu vi notícias de que está
remendando, vem novidades por aí que vão aparecer no Show de Bola logo.
Glauco: Para encerrar essa parte do futebol especula-se que o Alex estaria
querendo deixar o Coritiba para que não suje seu currículo com a queda para uma
série B. É verdade isso? Você que está nos bastidores do esporte também já
ouviu falar sobre isso?
Mauro: Não. É boato, não é do feitio do Alex. Mais fácil ele encarar e ajudar a tirar o
time do buraco. Lembra do Paulo Baier, que ficou e ajudou a tirar? O Alex tem
mais esse perfil e todos sabemos que a culpa não é dos jogadores, é de quem
contratou um elenco fraco e diz não ter dinheiro, faz 3 anos que o Coritiba
chora da falta de dinheiro.
Glauco: Não pegou mal aquela faixa no Atletiba, na qual os jogadores reclamaram
seus salários ou isso é uma realidade em 90% dos clubes brasileiros?
Mauro: Aquilo fortalece o elenco com a torcida, isso o time precisava, porque
ano passado o Vilson (Vilson Ribeiro de Andrade, Presidente do Coritiba) jogou
a torcida contra os jogadores e agora a torcida está contra o Vilson e a favor
dos jogadores, somando o time ter vencido o clássico, deu um impulso importante
para o time sair da ZR, mas na verdade não se mexeu pra resolver a falta de
dinheiro, só fica reclamando e fazendo essas reuniões pra tentar mudar a lei, o
que eu acho legal, mas não é só isso, precisa planejar direito também para o
ano que vem. Botafogo, Vasco, Flamengo, Palmeiras, sim, muitos
clubes estão com problemas sérios de grana e eu até concordo com o Vilson que
tem que haver mudança na legislação, o Flamengo está devendo para o Ronaldinho
Gaúcho,para o Romário e não paga, precisa haver uma punição pra essa falta de
responsabilidade. A torcida quer títulos e os dirigentes dão títulos pra
torcida as custas do sangue do Clube e isso é ilegal. Se os clubes forem todos
eles legais e dentro da legalidade contratarem jogadores, quero ver o Flamengo
ser campeão sem contratar um cara pra ganhar 300 mil de salário se não tiver
como pagar. A folha do Grêmio ano passado era de 8 milhões e a do Cruzeiro 3
milhões e meio, que foi campeão? Palmas para o dirigente Cruzeirense, isso se
chama profissional de futebol e vai ser Bi-Campeão.
Glauco: Você fez várias coisas na sua vida e sempre a musica envolvida, seja ela
no teatro como sua carreira mesmo como musico. Vejo muitas bandas ralando à
anos e que não conseguem um destaque nacional e muitas nem um destaque
estadual. Vemos união de bandas de outros lugares como RS e no PR isso não
vinga. Na sua opinião isso acontece por que?
Glauco: E isso que me refiro, em Recife teve o movimento Mangue beat, no RS as
bandas gauchas sempre estão se destacando mesmo dentro do seu estado e no
Paraná, não digo nem Curitiba, por que isso não acontece?
Mauro: Mas em Recife a música sempre foi impulsionada pelo turismo, Alceu
Valença, Elba, Moraes Moreira, na Bahia Ivete, Gil, e os outros, não dá pra
comparar. No Sul o que eu sempre ouvi é que, como eles são muito longe de SP,
tiveram que adquirir vida própria e quando o mercado nacional tinha que buscar
rock brasileiro, viu vida no Rio Grande e foi buscar no projeto Rock Grande do Sul
e achou belas bandas por lá que já tocavam. Aqui um artista local não lota shows, raras
foram as vezes em que eu vi shows lotados de bandas locais, conto nos dedos as
bandas que abarrotavam casas pra ver os caras tocando.
Glauco: Atualmente acredito que o Motorocker faça isso.
Mauro: E o mercado nacional só vai vir buscar aqui o que estiver fervendo, não
vai fazer isso com um suspiro. A única banda que faz isso é o Motorocker mesmo e eles tem fãs fora de
Curitiba numa loucura legal, o Dinho Ouro Preto paga um pau pros caras que é
legal de ver.
Glauco: Dinho que adora dizer que é curitibano,ele é, mas é como eu que
nasci em São José dos Pinhais. Só nasci (risos)
Mauro: Mas é bom que ele diga que nasceu aqui, aliás dessa turma de Brasília
tem uma galera, o meu primo é o André X (André Mueller baixista da Plebe Rude)
Marielle Loyolla, Dinho, mas eu vi Guaíra lotado pra ver Blindagem, Reles e só.
Casas noturnas pra ver bandas locais lotadas, cara não me lembro de ver esgotar
ingressos depois do Sr Banana e estamos falando da década de 90. A BANDA MAIS
BONITA DA CIDADE fez milhões de views na internet e as rádios de Curitiba não
tocaram a música deles como dão atenção ao mercado nacional.
Glauco: Faltaria alguém para tomar frente a isso, um exemplo o Fabio Elias que
tentou fazer uma festival e foi rejeitado pela fundação cultural, falta apoio
do poder publico também?
Mauro: Cara, eu sei bem o que você fala quando fala que falta alguém e não é
alguém é o curitbano parar de se achar e ter mais humildade em reconhecer o
outro, eu gosto muito de divulgar os artistas, falo nome de gente da música, de
outros esportes lá no Show de Bola, entrevisto, divulgo, mas o mercado não é
assim, tem todo um movimento errado que rola no mercado local. Cara eu tenho
esse trampo de Tv e rádio, e banda, e teatro divulguei bandas, fiz projetos de
união, cara eu tenho uma raiva de nunca ter sido considerado, não que eu queira
um prêmio nem nada, mas eu fiz muita coisa e como eu não tenho família rica e
não sou filho de político, não sou reconhecido, me dá uma frustração as vezes. Não
penso nisso e sigo meu caminho, mas que dá uma dorzinha de vez em quando isso
dá. O poder
público tinha que fazer tudo o que fosse possível pra formação de plateia, mas
não gravar CD de banda POP e dizer que está apoiando a cultura. Tenho 300 CDs da Fundação apoiados pela Lei de
incentivo que se contar 3 ou 4 que poderiam tocar em rádio, é muito. O
poder público tem que levar música pras praças, show ao ar livre, oficinas de
música, shows com artistas locais e grandes artistas no mesmo palco com o mesmo
equipamento e o mesmo cachê.
Glauco: Defina Mauro Mueller.
Mauro: Música, teatro e TV hoje são minha vida, tudo isso com uma garrafa de um bom
vinho o resto é poesia. Eu sou um poeta incompleto, estou em construção (risos)
Glauco: Mauro valeu pela participação, infelizmente o espaço é curto para uma
coisa maior, pois sei que você tem muita história para contar nesses seus
apenas 47 anos de vida.
Mauro: Foi massa, eu agradeço imensamente esse papo!